Quarta prova do VI Campeonato ORMEI 2005/2006

Prova realizada no dia 26 de Novembro de 2005 no Funkart-Fátima.

Ponham aqui os vossos comentários

ASSUNTO: IV Prova do VI Campeonato ORMEI 2005/2006 – Resultados

Caros companheiros Kartistas,

Foi no passado dia 26 de Novembro pelas 10:00, que decorreu no FUNKART-Fátima a 4ª prova do nosso VI Campeonato ORMEI 2005/2006.

A participação saldou-se por 14 participantes dos 22 inscritos no campeonato e 2 convidados, tendo existido 4 faltas de comparência sem pré-aviso. Devido a um acidente com capotanço que provocou uma fila enorme no início da 2ª circular e uma mudança de última hora na boleia devido a um adormecer do transportador principal, cheguei atrasado ao kartódromo pelo que apresento desde já as minhas desculpas.

Desta vez, ao contrário da última em que corremos nesta pista em que o piso estava seco e pudemos inverter o sentido na segunda corrida, o piso encontrava-se molhado e por questões de segurança fizemos as duas corridas no mesmo sentido. Com o tempo encoberto e a prever chuva começámos os treinos com metade dos pilotos equipados com o fato de chuva, o que fez com que no fim dos 10 minutos de treinos e após a constituição da grelha de partida houvesse um corrida anormal dos pilotos para as instalações do kartódromo o que me levou a pensar que tinha havido algum problema e que não me apercebi, mas ao fim de algum tempo começo a ver os pilotos regressar mas já equipados com os fatos de chuva, e ainda bem que o fizeram pois após as duas primeiras voltas começou a chover o que levou a que os tempos tivessem piorado a partir daí.

Como de costume, começámos por efectuar os 10 minutos de treinos cronometrados, em que se obtiveram tempos entre os 1:13,001 e os 1:18,520 para o 14º classificado, último dos inscritos no campeonato. Os convidados, não habituados a correr com o piso molhado, fizeram 1:20,878 e 1:25,676. Na primeira corrida de 15 minutos os melhores tempos por volta não encurtaram devido a ter ficado mais molhado o piso, tendo os 14 primeiros rodado entre 1:17,921 e 1:22,823.

Durante a primeira corrida, partindo da segunda posição logo atrás do José Faria, apesar de ter feito uma boa partida, fui rapidamente ultrapassado por alguns pilotos mas consegui recuperar até à 3ª posição tendo somente o Luís Vaz passado definitivamente ficando atrás do José Faria para na 2ª volta o Luís Vaz o ultrapassar e assumir a liderança até ao final não sem que tenha feito um ligeiro pião na 5ª volta e uma saída na última curva, juntamente com o João Carlos o que o levou a perder quase 20 segundos e quase a hipotecar a vitória tendo o segundo terminado a menos de 2 segundos. Na esperança de não perder o contacto com o 1º, à 3ª volta o José Faria teve uma saída ficando na gravilha o que me fez ascender à 2ª posição. Passadas 1 ou 2 voltas existe uma luta com o António Baptista que ainda consegue estar à minha frente, mas passadas algumas voltas desiste da luta e acaba a alguns segundos em 3º lugar. Na quarta posição terminou o José Faria a quase 10 segundos do Diogo Ferrão. Pedro Vicente, João Gaspar, João Antunes, João Raimundo e André Magalhães terminaram o TOP 10 desta 1ª corrida.

Após a primeira corrida, houve a habitual troca de karts em que o primeiro partiu com o kart de último e assim sucessivamente. Depois dos 5 minutos de treinos cronometrados, no sentido normal devido às condições da pista, obtiveram-se tempos entre os 1:18,506 e os 1:30,802 para o 15º classificado. A diferença entre o 1º e 2º classificado foi quase de 1,5 segundos. Mais uma vez, neste circuito, o Diogo Ferrão por achar que o kart não virava correctamente durante os treinos foi à oficina e como tal não efectuou uma volta completa tendo partido da última posição. Na segunda corrida de 15 minutos os melhores tempos por volta encurtaram tendo os pilotos rodado entre 1:14,996 e 1:15,802 com especial destaque para o André Magalhães que fez menos 8 décimas que o segundo mais rápido e tendo o 3º ficado a mais de 5 décimas do segundo.

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Na segunda manga, devido a um kart menos optimizado para as condições climatéricas não consegui melhor do que o 10º tempo a mais de 5 segundos do 1º, o que não perspectivava um bom resultado final, mas tal já era de prever antes dos inicio dos treinos pois o piloto com quem troquei até não costuma andar mal em Fátima e não conseguiu obter melhor que o penúltimo lugar na 1ª corrida. Melhor sorte tiveram o Luís Vaz e o António Baptista que ficaram com os karts dos convidados. Após a partida consegui recuperar algumas posições mas logo na segunda volta fui ultrapassado pelo Diogo Ferrão que tinha um andamento ligeiramente superior. Encontrava-me novamente na 10ª posição mas à 7ª volta o Diogo Ferrão fez um pião e recuperei uma posição. Na volta anterior tínhamo-nos conseguido aproximar do João Cristóvão devido a uma saída mas o andamento dele era bastante superior ao nosso e conseguiu distanciar-se novamente não sem que na 9ª volta voltasse a cometer novo erro e aí consegui passá-lo ascendendo à 8ª posição. Ainda estive prestes a ser ultrapassado pelo João Cristóvão mas devido a mais 2 erros não conseguiu chegar-se ao meu kart. Lá pela frente, o André Magalhães não deu hipóteses. Tendo feito um pião logo na 2ª curva da primeira volta fez uma recuperação espectacular e logo após o meio da corrida já estava em 1º, tendo terminado com mais de 5 segundos do 2º e 3º que foram o João Carlos e o Luís Vaz respectivamente e que terminaram praticamente colados, mais uma volta e o resultado podia ter sido outro. Novamente em 4º terminou o José Faria com alguma distância entre o 3º e o 5º que foi o António Baptista que deve de ter tido uma luta com o 6º, João Raimundo tendo terminado igualmente colados. Pedro Vicente, Rui Carneiro, João Cristóvão e Luís Mello a terminar o TOP10. De ressalvar a boa prestação dos convidados que com uma maior adaptação às condições da pista conseguiram terminar em 11º e 13º, na mesma volta do vencedor.

De salientar a quase não existência de toques entre os pilotos mesmo durante as partidas, o que levou a que não tivesse havido material danificado e desistências, tal como aconteceu na 1ª prova. Em condições de piso molhado, a regularidade e segurança consegue ser bastante mais importante do que tempos excepcionais conseguidos nos limites em que o mínimo erro faz com se percam bastantes segundos e consequentemente a obtenção de posições piores que os pilotos mais regulares mas menos rápidos.

Neste momento continua em 1º Lugar do VI Campeonato ORMEI 2005/2006 o Rui Carneiro, seguido do André Magalhães e Diogo Ferrão que trocaram de posições e encontram-se separados por 1 ponto.

Quero agradecer ao FUNPARK que, como é habitual, fez-nos sentir como se estivéssemos em casa e esperar que na próxima prova os karts possam estar mais equilibrados entre si, bem como já sejam equipados com os 390cc.

As pontuações das crónicas desta prova serão incluídas antes da próxima prova, podendo alterar as classificações entretanto publicadas. A data limite para a crónica desta prova é até ao próximo dia 6 de Dezembro. Não se esqueçam que este ano, as crónicas são pontuadas individualmente pelo que podem e devem de escrever sempre uma crónica. Poderão enviar por e-mail ou preferencialmente colocar as vossas crónicas directamente no Fórum devendo de se identificarem com o nome do piloto.

Espero vê-los o mais tardar no próximo dia 14 de Janeiro de 2006 em Leiria, no horário habitual. Não se esqueçam que na próxima prova iremos efectuar o almoço de Reis após a prova, no restaurante Carloto em Leiria que como se devem de lembrar efectuámos lá o almoço de Natal do ano passado o almoço de encerramento do campeonato 2004/2005 e o almoço da última prova de Leiria. O almoço são grelhados e tem o valor aproximado de 10 euros por pessoa pelo que os interessado em comparecer ao almoço, deverão de confirmar a presença até dia 10 de Janeiro sob pena de não poderem estar presentes por falta de espaço pois a ocupação do restaurante é sempre muita. 

Cumprimentos

Rui Jaime Carneiro

91 7264757

ormei@hotmail.com

ormei@yahoo.com

www.ormei.com

PS. Encontra-se no nosso site www.ormei.com, devidamente actualizado, os ficheiros em EXCEL com os tempos e resultados, bem como a tabela com a classificação da prova e classificação geral podendo fazer o download. Caso pretendam mais alguma informação, ou tenham dúvidas, agradeço o vosso contacto.

Boa tarde,

A prova do passado fim de semana foi, na minha opinião, a mais interessante de todas as que já realizamos. A organização esteve ao melhor nível, sendo desta vez possível cumprir aproximadamente os horários definidos. Os Kart's mostraram ser bastante equilibrados, com ligeiras diferenças de andamento entre eles, que não permitiam grandes avanços ou recuos na classificação em função das suas características com aconteceu em Almeirim. Pela minha parte a primeira prova correu de acordo com as minhas expectativas tendo realizado o 5º lugar nos treinos e o 3º na corrida após uma luta interessante, durante 2/3 voltas, com o Rui Carneiro. A segunda prova é que já não correu tão bem pois apesar de ter feito o 4º tempo nos treinos acabei a prova em 5º lugar depois de ter feito um peão quando estava em 4º lugar a tentar chegar novamente ao 3º posto (a chuva tem das suas coisas). No global sinto-me bastante satisfeito com os resultados que obtive nesta prova e espero conseguir a repetição dos mesmos na próxima que é em Leiria, pista que não conheço. Aproveito a ocasião para desejar a todos um bom Natal e um bom ano novo.

Um abraço  

Olá a todos!

Ponto #1: eu sou o transportador principal.

Ponto #2: o Rui Jaime Carneiro acordou-me.

Ponto #3: apesar de não ter acordado a horas, isso não me impediria de chegar a tempo; no entanto, como apanhei alguns pilotos mais lentos na A1, optei por acompanhá-los ao invés de chegar a horas e ficar à espera...

Postos os esclarecimentos, aqui vão as minhas impressões da prova de Fátima:

Mais uma vez tive a sorte de ter as minhas condições atmosféricas preferidas. De facto, já não tenho dúvidas, não fosse o embaciar dos óculos/viseira, quanto mais água melhor!!!

No entanto tive uma prova muito animada. Senão vejam:

Primeira corrida

- Segunda curva dos treinos: 2 pilotos à minha frente perdem o controlo devido à poça de água e, como não há dois sem três...gravilha!

- Terceira ou quarta volta dos treinos: o cabo do travão parte, apanho um daqueles sustos e tenho de ir à box trocar o kart por uma bicicleta para o resto dos treinos!

- Resultado: quarto tempo...uau!!!

- O kart inicial é-me devolvido e já com travão!

- Arranque: ganho duas posições e fico atrás do Zé Pedro Faria que liderava.

- Segunda volta: passo o Zé Pedro e começo a afastar-me muito e.....muito rapidamente.

- Quinta volta: ao limpar a viseira destraio-me e faço 1/2 pião e por pouco não estrago tudo.

- Até à última volta não se passou nada...apenas passei alguns pilotos ;)

- Última curva da corrida: após ter dobrado já vários pilotos o João Carlos entra em pião e para lhe acertar vou à gravilha fazer-lhe companhia.

- O avanço que levava permitiu-me sair do carro, empurrá-lo, ligá-lo e retomar a corrida para vencer com menos de dois segundos de vantagem...ufa!

Segunda corrida

- Sétimo tempo nos treinos: o kart escorregava bastante mais (talvez resultado das marcas que ostentava)

- Segunda ou terceira volta e o André Magalhães passa-me de forma tão simples (boa prova mas grande kart!) que até abrí a trajectória (realmente já não sou o mesmo!)

- Corrida inteira a arriscar para tentar compensar o kart (que saudades do da primeira manga!)

- Na penúltima volta passo o António Baptista (que esteve em grande nível; os meus sinceros parabéns) e encosto ao João Carlos, seguia na segunda posição e fez (imagino) a manga da época!!!

- Ultrapasso o João Carlos que recupera a posição com relativa facilidade e termino a morder-lhe os calcanhares; sinceramente penso que, como diz o Rui Jaime, mais uma volta e o João Carlos - apesar de me parecer ter um kart bem melhor - dificilmente não sucumbiria à pressão...oops, será que já me considero o melhor piloto do mundo??!!

Conclusões

- Esta corrida - em grande medida fruto das condições atmosféricas - deu-me imenso, mas imenso gozo. Adorei, adorei, adorei...

- Se a prova fosse um bolo rei (estamos na época) ao João Carlos saiu o brinde e ele ia-me saindo uma bela fava, eheheh...

- Um Santo e Feliz Natal para todos (e respectivas famílias) e excelentes entradas em 2006.

Um abraço a todos,

Luis "pé na chapa" Vaz

Olá caros companheiros.

Peço desculpa aos mais apressados mas hoje brindo-os com uma crónica mais longa e fora do comum. Assim tem de ser. Acontecimentos extraordinários, como a corrida de Fátima, devem ser tratados de uma forma distinta.

Ia-me eu aproximando de Fátima, no carro com o meu amigo Fernando Azevedo Mendes, conjecturando sobre as condições em que se iria desenrolar o GP de Fátima, quando, pairando sobre a longa recta, surgiu uma senhora de branco, envolta numa intensa aura que me sussurrou:

- “Meu filho, fui enviada para olhar por ti. Atenta que o dia está traiçoeiro, cuida de ti, tu não sabes guiar à chuva”.

- “Não sei guiar à chuva ?!”, exclamei chocado. “Como não sei se em todos os GPs que disputei debaixo de chuva a sério terminei no pódio e muitos deles em primeiro, com os mais variados adversários”.

- “Sim meu filho”, retorquiu, “mas contra adversários de fraco valor. Então já te esqueceste da triste figura que fizeste nem há um mês em Leiria ?”

- “Peraí, peraí, isso é outra história, em pistas a secar realmente eu não sei guiar. Mesmo assim ainda fiz a 3ª volta mais rápida da 1ª manga, ou será que isso para ti não conta ?”

- “Olha lá pá, agora falas sozinho ?” interpelou-me o meu amigo Fernando.

A senhora desvaneceu-se na chuva míuda da manhã e não voltei a pensar no assunto.

No decurso dos treinos, com a pista a secar, ia rezando silenciosamente para que secasse rápido, ou que a chuva a aparecesse - que assim não dava. A páginas tantas vi um estranho comissário de pista, com um capa vermelha e sinais visíveis na testa de que a mulher não lhe é fiel, a acenar-me empoleirado no sinal de partida. Dirigiu-me a palavra de forma inaudível. Nova passagem e pude ouvir claramente o que dizia:

- “Olha lá pá, queres que eu abra a torneira e encharque esta pista toda, para mostrares à branquinha que sabes mesmo andar à chuva ?”

- “Quem quer que sejas abre lá a torneira, que assim é que não dá mesmo”, repliquei.

Acabaram nessa altura os treinos. Fraca posição. Mas que a torneira estava aberta estava. Fui a correr às boxes vestir a capa de chuva. Preparava-me para agradecer, mas o estranho comissário tinha-se ido. Já eram sonhos de mais para uma manhã.

Quando me dirigia para a grelha, lá no fim, apareceu de novo a Senhora de Branco:

- “Acautela-te meu filho, vê como chove. Atenção à partida”.

- “Atenção à partida com certeza, já sabes que não sou de avarias. Agora pisga-te lá daí, que se me distraio tou feito”.

Arranquei sem azares e lá segui recuperando umas 2 ou 3 posições. Já na parte alta do circuito alguém me acertou na lateral traseira do kart e fiquei virado do avesso. Na berma estava um comissário a rir a bandeiras despregadas. Reconheci nele o meu amigo de Vermelho:

- “Então julgavas que era só pedir ? Tudo tem um preço. Tens chuva como querias, mas vais ter de recuperar do último lugar. Agora força, vai-te a eles. Demonstra-me a tua fibra.”

Bom, tinha de ser. Lá iria eu tentar recuperar.

As voltas iam passando e o Homem de Vermelho lá me ia incitando, brandindo-me com um pau comprido com uns dentes na ponta, para me incentivar a ir atrás deles. E fui passando os mais lentos, sem sobressaltos.

Na curva no final da recta da meta, volta após volta, a Senhora de Branco ia-me recomendando calma, curvada, as mãos juntas, como que rezando.

- “Calma filho que não sabes guiar à chuva”.

- “Qual calma, não vê a senhora que isto até se está a compor”, dizia-lhe eu.

- “Trava filho. Não consegues fazer a curva sem um cheirinho de travão. Trava !... Ai que agora é que é… Oh filho ias-me levando a capa e tudo. Já viste como fiquei carregada de gravilha. Acalma-te.”

- “Não quero ser desrespeitoso, mas não vê que isto não é a melhor altura. Se puder dê uma mãozinha para tirar daqui o kart, se não, pelo menos saia da frente.”

Depois de grande esforço e muito tempo, lá pus o kart em pista e segui. “Ora que isto, a mulher está mesmo a agoirar”, ia eu ainda a pensar. Nem duas curvas passadas, gravilha de novo. “Irra !”

Mais adiante, o  estranho comissário lá continuava no seu lugar habitual a brandir a forquilha:

- “Anda homem. És mesmo lerdo, vai-te a eles.”

- “Olha, eu tinha pensado experimentar umas trajectórias diferentes, já que já não vou a lado nenhum.”

- “Anda mas é. Deixa-te disso. Vem já lá o primeiro classificado.”

- “Onde ?”

Virei-me a procurá-lo um breve segundo. Lá vinha ele, ainda umas curvas atrás de mim. Quando olhei para a frente já não foi a pista que vi, mas novamente um mar de gravilha. Nada feito, estava outra vez atolado.

- “Empurra-me lá com o pau, a ver se saio daqui”, pedi.

- “Tás parvo. Desembrulha-te. Já chega estar aqui à chuva só por tua causa. Belo nabo me saíste”.

E mais uma vez voltei à pista. Com o desalento normal numa situação destas. A Senhora de Branco já nem olhava à minha passagem. Ajoelhada, cabeça baixa, mãos juntas, como se realmente receasse pela minha vida – ou pela dela, que aquilo não era sítio para se estar ajoelhado num dia como este. Ainda lhe gritei que não temesse, que não costumo fazer duas vezes o mesmo erro – vou variando.

Passou-me então o Luís Vaz. A velocidade e a trajectória eram tais que parecia estar a correr em seco. O Comissário lá tentou mais uma vez incentivar-me:

- “Vai, segue atrás dele. Aprende com quem sabe”. Prosseguindo num tom ligeiramente mais baixo, “aquele sim é um verdadeiro discípulo, aprendeu tudo o que lhe ensinei”.

Tentei segui-lo, mas era impossível. Durante uma volta ainda tentei fazer as mesmas trajectórias, mas aí sim cheguei a temer pela vida. Voltei ao normal, a tempo de ver o Luís espetado. Estava mesmo a andar no fio da navalha.

No intervalo entre as mangas a Senhora de Branco aproximou-se e com a sua candura disse-me:

- “Oh filho, pregaste-me um susto grande susto. Porque é que não te resignas. Adopta o ritmo lento de que és capaz, não sabes para mais”.

- “Desculpe lá, mas a senhora percebe alguma coisa disto ?! Com essa roupa de certeza que nunca se sentou num kart”.

- “Lá nisso tens razão, mas moro mesmo aqui ao lado e de vez em quando dou um saltinho a ver as corridas. Ajudo os desgraçados que posso e sempre vou aprendendo umas coisinhas. Foge das zonas sujas da pista. Anda com segurança. Em dias como hoje só assim é que um desajeitado como tu consegue uma boa classificação”.

- “Nem tudo o que a Senhora diz é disparate, mas por favor deixe-me em paz. A sua presença só me perturba”.

Apesar de tudo, fui para os treinos a pensar nas sábias palavras. Face à primeira manga começava a duvidar seriamente da minha capacidade de guiar naquelas condições. Pior é que,  por muito que tentasse, estava ainda pior que na manga anterior. Só a muito custo conseguia manter o kart na pista, já que este fugia de traseira em todas as curvas para a direita.

Parado já no meio da grelha, a Senhora dirigiu-se-me e tocou-me. Sosseguei-a.

– “Esteja descansada que vou com calma na partida. Por favor não se ponha outra vez a olhar-me daquela curva que fico nervoso”.

Partimos. Tudo bem, sem confusões até à segunda curva. Na segunda curva ganhei vários lugares entre a confusão. A coisa não estava mal. Fui seguindo com redobrada atenção e na dupla esquerda a seguir à ‘direita que nunca acaba’ lá estava de novo a Senhora:

- “Cuidado filho, aclama-te. Não te deixes entusiasmar. Trava com segurança. Não faz mal que um ou dois te passem. Estás muito mais à frente do que é o teu lugar normal”.

- “Ora, deixa-me lá. Eu sei muito bem trav…” Zzzzt !!!

Pião. Voltado ao contrário, vejo o Comissário vermelho a correr desembestado para mim.

- “Arranca já. Anda. Os outros que se desviem”.

- “Calma filho. Olha que se arrancas nem a alma se te aproveita”, contrapôs a Senhora.

Em verdade nem os ouvi bem. O meu sentido de auto-preservação fala mais forte nestas situações. Contei os karts que passavam 1, 2, 3… 10, lá vou eu. “Vamos a isto que se faz tarde”.

- “Anda meu completo inútil”, ainda ouvi o Comissário vermelho gritar, enquanto atirava o pau ao chão em desespero. Parecia-me ouvi-lo ir dizendo ao longe “Se não ganhas uns bons lugares nunca mais é ninguém. Dá-lhe gás, passa-os a todos”.

Dei gás. Fui-me aproximando e passando algumas prezas mais fáceis. O Comissário estava agora na ‘direita que nunca acaba’ a incentivar-me. Dizendo-me que se a fizesse com a roda traseira esquerda na berma quase não precisava de travar. Ia ganhando terreno.

- “Olha, meu abécula, não traves mesmo. Tira só gás”.

- “Tens a certeza ? OK, desta vez não travo”.

- “NÃO !!! Estava só a espicaçar-te ! TRAVA !!!...”

Ainda agarrei o kart, mas varri todo o exterior da pista, dancei na relva e ainda tive de tirar a capa dele que se me tinha prendido ao capacete.

Olhei para trás e vi o Comissário estendido com a cara na relva, a praguejar. Como estava sem a capa, podia agora ver que tinha uma estranha e longa cauda.

Foi um sossego encontrar a Senhora de Branco:

- “Acompanhe-me até ao final. Eu admito, não sei guia à chuva. Ajude-me por favor. Se tudo correr bem prometo que vou de kart até à Cova da Iria”.

- “Gosto ver que finalmente caíste na razão. Eu sei que é difícil admitir as nossas limitações. Terei todo o gosto em receber-te em minha casa”.

Segui até ao fim calmíssimo. Sem correr qualquer risco. Mesmo assim – ou talvez por isso -, fui subindo lugares. Via os meus adversários espalhados pelas bermas ou virados ao contrário. Não pude evitar sorrir para dentro ao pensar que o meu Comissário de Vermelho tinha resolvido dar-lhes conselhos a eles.

Cheguei ao fim com orgulho de rastos, mas cheguei. O meu ânimo nas conversas de boxes não podia estar pior. Apanhei o Zé Pedro Faria e já agora comentei que este kart, que fora o dele na primeira manga, era um bocado instável.

- “Instável ?! Era inguiável ! Mas olha que este que trocaste comigo agora não era melhor. Porcaria de karts !”

Vindo do nosso campeão isto era música para os meus ouvidos. Corri a procurar a Senhora de Branco.

- “Afinal se calhar não sou assim tão mau, o Zé Faria disse-me que os karts eram uma treta !”

- “Sabes o que te digo ? Não há paciência para ti. Admite a realidade, tu não sabes guiar à chuva. Tinhas-me poupado muito trabalho hoje se o admitisses logo quando to disse da primeira vez. Não venhas mais falar comigo. E escusas de passar lá em casa”.

Desapareceu como havia chegado e não mais a vi.

E assim decorreu o dia em que fiquei a conhecer mais um segredo de Fátima: Não sei guiar à chuva… pelo menos até prova em contrário.

Boas Festas para todos,

Luís “com um ganda melão” Soares de Mello

4ª PROVA – FÁTIMA

Felizmente nem toda a gente adormeceu, e nem toda a gente apanhou acidentes com capotanços J.

Realmente o tempo prega-nos muitas partidas, no caminho para Fátima choveu todo o tempo, chegados ao Kartodromo, o céu apresentava-se limpo, de repente começa a chover, e fica tudo baralhado. Os mais optimistas (o meu caso) que partiram sem fato de chuva, obrigaram os restantes a esperar que nos equipasse-mos, já com a grelha formada, pelo facto as minhas desculpas.

A 1ª prova decorreu de forma tranquila, sendo que as principais trocas de posições ocorreram devido a erros provocados pelo estado do piso.

No meu caso tive uma disputa interessante com o João Gaspar e o João Antunes, em que consegui cometer menos erros e terminar á sua frente.

Nos treinos para a 2ª manga, verifiquei que tinha um Kart que parecia talhado para andar á chuva, no entanto o facto de só termos feito 2 voltas cronometradas durante os 5 minutos, não me permitiu ir além do 6º lugar na grelha.

Na corrida não consegui aproveitar a máquina que me calhou essencialmente por aselhice e por dois erros nas travagens (sempre no mesmo sitio). A corrida foi interessante tendo andado envolvido com o João Raimundo e com o António Baptista, sendo que o João foi o rei do azar, pois quando ia atras do António, este despistou-se e ele não conseguiu evitá-lo, a seguir foi a minha vez de virar o boneco e desta vez o João para não me tocar também faz um pião e fica atravessado.

No final fez-se meia justiça, pois o João Raimundo acabou por ficar á minha frente praticamente colocado ao António Baptista.

Destaques pela positiva:

A excelente organização do kartodromo de Fátima

A capacidade de adaptação dos pilotos. Já todos sabem como se guia á chuva em karts sem ferros.

Destaques pela negativa:

O estado dos karts. Se não tivesse a chover fiquei com a impressão que ia haver diferenças abismais.

O facto do JPFaria não ter conseguido nenhum pódio (principalmente á chuva)

Um Abraço e Bom Natal para todos

Pedro Vicente

4ª Prova do Troféu Ormei em Fátima, num manhã que se previa seca, mas que afinal se apresentou bem molhada.

O Kart que me saíu em sorte para a primeira corrida, com pista seca aínda dava para resolver, mas com a pista molhada foi para esquecer. Tinha um motor que era razoável, mas o chassis estava muito desafinado, e com a pista molhada este problema ainda ficou mais evidente. O kart não obedecia de maneira nenhuma.

Nos treinos, com a pista "seca" consegui um terceiro lugar na grelha. Depois na corrida, com a chuva, não consegui melhor que o 10º lugar final. Isto anadando sempre em cima dos limites, a arriscar muito.

Para a segunda corrida, o kart era uma maravilha. Obedecia cegamente á minha voz de comando, que é como quem diz, aos movimentos dos braços.

Pole Position, a 1,4s do segundo classificado. O mérito não era só meu. O kart ajudou. E muito.

Inicio da corrida, bom arranque, mas na terceira curva virei o boneco, caíno de primeiro para último. Mas como o kart era de facto muito bom, aos dez minutos de corrida, já era de novo primeiro, tendo terminado nesta posição. De referir que a minha melhor volta foi cerca de 8 décimas mais rapida que a segunda melhor.

Com estes resultados ascendi ao segundo lugar do Troféu, em troca com o Diogo. Mas aínda falta muito asfalto a percorrer.

Um abraço  e Boas Festas para todos.

André