Colocado: 30 Abril 2009 às 01:36 | IP Registado
|
|
|
Caros companheiros,
Aqui vai a minha crónica das 24h de Almeirim, provavelmente extensa demais, mas já sabem como sou eu a escrever sobre provas de 1 hora, qto mais de 24 horas !...
Integrado na equipa ORMEI, sentia que tinha pela primeira vez na vida condições de lutar pelas 1ªs posições da geral. A equipa era mto forte e homogénea, composta pela nata dos pilotos ORMEI, à qual se associavam 2 mais fraquitos (eu próprio e o Diogo Eça) e um super-craque (Diogo Lopes) - o que acontece é que prática a teoria é outra e os 2 mais fraquitos tiveram a sua oportunidade de contribuir positivamente para a equipa, enquanto mais forte acabou por ter uma escorregadela.
A equipa foi gerida pelo António Baptista, na ausência do nosso habitual director de prova, o Rui Carneiro, que só se juntou a nós na manhã de domingo. Os restantes elementos da equipa eram o Dário Garcia, o Raúl Girão, o Augusto Paulino, o José Moore Vieira e o bastante desaparecido José Fortuna.
Para ajudar à festa, nos treinos de sexta deu para perceber que o nosso kart era uma autêntica bomba: muito veloz, equilibrado e com bons travões. Tinha um defeito que podia condicionar muito a prova, que era um furo no depósito que não nos permitia encher mais que a 3/4.
Os treinos corresponderam às expectativas e conseguimos o 2º lugar. No final mandámos reparar o depósito, o que foi feito com sucesso.
Por questões familiares não pude acompanhar a partida, nem à hora do jantar. Quando cheguei ao kartódromo, com cerca de 2h30m de prova, comandávamos alegremente. Só que nessa altura a nossa 'bomba' começava a dar sinais de fraqueza, mais exactamente com o ruído forte no escape. Com a sorte que tenho nesta coisas , mal tinha entrado no kart para o meu primeiro turno, fui mandado parar na box para reparar o escape. Segui de teco-teco, durante 20 min. e demos a primeira queda na classificação. O Diogo Lopes substitui-me, voltando ao kart de prova, mas esqueceram-se de pôr o transponder, fazendo-nos perder 2 voltas e o tempo de nova paragem na box para o colocar.
Quando saí de Almeirim já andávamos pelo meio da tabela, mas a esperança de chegarmos ao pódio ainda era muita.
Antes disso fui dando umas passagenzinha pelas várias boxes da 'concorrência', por onde tinha vários amigos espalhados. Particular detaque aos meus companheiros do IHSV, que tinham como chamariz um autêntico banquete nas boxes e os meios de suporte, incluindo frigorífico, micro-ondas, máquina de café, mas acima de tudo um presunto fabuloso e um manchego ainda melhor. Sob pretexto de falar com os meus amigos e de os ajudar a montar um pirilampo, não saía de perto do manchego .
Quando voltei do jantar já a coisa estava bem mais negra: estávamos a 23 voltas do 1º, depois de termos tido de parar para reparar um cubo de volante partido e de uma penalização por 2Kg a menos do Diogo Lopes. O volante, entretanto, contínuava a não oferecer qq espécie de confiança e o nosso mecânico mor (Antº Baptista) ia traçando uma estratégia para o reparar.
Quando começou a chover, eu disse que era a altura ideal para o reparar e ofereci-me voluntário para ir de novo de teco-teco, mas agora à chuva, onde tanto eu como o kart seríamos capazes de compensar a paragem nas boxes.
O teco-teco que me saíu na rifa não tinha uma gota de travões, o que faz um bocado de falta, especialmente à chuva . O resto da equipa estava entretida a ver a reparação e não me ligava nenhuma. Quando finalmente vi o Moore Vieira na box fiz-lhe sinal frenético que tinha de trocar de kart e apontei-lhe para os travões. As voltas iam-se sucedendo, a cada volta eu ultrapassava um concorrente de 270 ou teco-teco e na minha box não me ligavam nenhuma. Com a ausência de travões era mto difícil fazer os ganchos, onde tinha de aliviar uns 50m antes e dpois jogar com correctores e volante para abrandar o kart e, finalmente, acelerador para o fazer entrar na curva. Com este bailado fui 5 vezes parar à gravilha, mas recuperava logo as posições que perdia no despiste.
O romance contínuava e na box não me ligavam nenhuma. Entretanto o meu kart começou tb a falhar na direita por trás da torre de controle. Fiz sinais cada vez mais frenéticos mas ninguém me ligava. Estava já furioso , mas contínuava a ultrapassar karts. Até que sucedeu o inevitável e o kart calou-se, mesmo em frente à box. Segui com o embalo até à saída das boxes e fui a correr buscar um kart de substituição... só que não havia nenhum, nem mecânico por perto . Finalmente apareceram 2 mecânicos que me tentaram pôr o kart a funcionar, em vão. Lá veio outro teco-teco e fiz umas 2 voltas até passar o kart a outro piloto, que retomou a prova com o 270.
Estava fora de mim. Matara-me para andar depressa, consegui fazer 15 ultrapassagens (12 x 270 e 3 x teco-teco), ou seja, ultrapassei todos os karts em prova menos a mim mesmo e outro, e acabara por perder imenso tempo com a avaria. Os meus coleguinhas tiveram então a lata de me dizer que não me ligaram nenhuma, pq eu era sistematicamente o mais rápido em pista e tenho por hábito mandar vir com os travões. Mais ainda, que atrasaram intencionalmente a reparação do 270, para eu continuar a recuperar com o teco-teco... .
Apesar das desditas contínuavamos a recuperar, porque havia pessoal com andamento à chuva mesmo mto fraco. Atrás de nós o RC Team recuperava ainda mais que nós.
Entretanto o Diogo Lopes foi-se embora, depois de um bom turno à chuva. Voltei para a pista com ela ainda muito molhada e fiz outro turno de garra, em que ultrapassei um bocadinho menos de karts (9) e fui passado pelo líder da prova.
Chegado à box o Dário fazia-se de esquisito a dizer que há 2 anos que não guiava à chuva, que precisava de um café, etc... O café arranjei-o no restaurante do IHSV e chateei-o até que ele se convenceu e fez um óptimo turno. Já andávamos pelo 7 posto, em luta com a Tecnilab e o RC Team. Em mais de 4 horas desde que eu voltara, perderamos apenas 1 volta para os líderes, apesar de todos os nossos contratempos. Mto bom .
O meu turno seguinte, com a pista húmida e escorregadia foi uma desgraça, pois as condições alteravam-se de volta para volta e eu alternava voltas boas com meios piões. Cheguei a fazer dois piões de seguida.
Entretanto com a chegada do Rui Carneiro, a volta do Dário, Girão e Paulino, a equipa estava com elementos rápidos e frescos. Fiz um último turno com pista húmida - este novamente bom - e entreguei-me a morfeu durante uma hora, confiando totalmente neles. Estabilizámos no 6º lugar, mas acabámos por chegar ao 5º graças a finalmente os problemas calharem tb a outros.
Já a menos de 3 horas do fim fui fazer o meu último turno. Seria o meu primeiro no 270 em seco. Digo seria, pq a sorte voltou a não querer nada comigo. Mandaram-me andar no seg. 55/56 para poupar o kart. Assim fiz. Cheguei a rodar em 55,0 mas apesar da minha vontade de ir aos 54, contive-me. Não sei para que me contive, pois na parabólica senti que uma roda me estava a saltar. Fui com todo o cuidado até à entrada da box, mas a roda saltou mesmo, quando já lá estava a chegar e, não sei como, fiquei com o pé esquerdo debaixo do kart . Lá fui de novo para um teco-teco, mas este viria a ser mais um momento de glória. O teco-teco era uma bomba: boa saída, excelente estabilidade, bons travões. Com facilidade fiz várias voltas no seg. 57,0.
O Diogo Eça herdou o kart e ainda fez melhor. Fez quase sempre 56seg. e poucos pilotos lhe ganhavam tempo. Assim optámos por o deixar em pista, para não perder mais tempo numa troca de kart. Foi absolutamente brilhante .
Até ao fim não tívemos mais contratempos e acabámos num bom 5º lugar - a minha melhor classificação de sempre numas 24h. Ficou a sensação que podíamos mesmo ter lutado pelo pódio, mas o 5º lugar não me deixou menos feliz. Saí orgulhoso da nossa prestação. Saí mto orgulhoso de ter contribuído positivamente para ela, graças à mãozinha que S.Pedro me deu (no seco seria sempre dos mais fracos da equipa).
Já no final reparei numa curiosidade: o kart do ORMEI (nº8) era o único dos 18 karts em pista que ao fim de 24 horas não tinha uma única mácula na carroceria - mesmo assim tívemos os problemas que tívemos. É uma coisa em que o pessoal deve pensar antes de criticar tanto o kartódromo: como querem que os karts não vão avariando, se chegam ao fim da prova com a qtd de toques que chegam ? Milagres é impossível.
E assim terminou esta aventura, a todos os títulos positiva, não só pela nossa participação, mas pelo resultado dos meus companheiros do IHSV e por mais uma jornada de convívio com os amigos destas lides.
Abraços a todos e até à próxima,
Luís.
Editada por LSMello na 30 Abril 2009 às 01:38
|